Observo logo existo
Quando estudava na Ajuda e andava em transportes públicos, tinha como passatempo observar as pessoas com que me cruzava.
Tentava adivinhar-lhes as profissões e os hobbies. Inventava-lhe histórias e filhos e passatempos.
Havia aquelas pessoas que apanhavam sempre o 23 à mesma hora. Eram um género de vizinhos dos transportes públicos. Já sabia quem saia na paragem das Amoreiras ou quem entrava.
Os pedintes do Metro com as suas ladainhas ou os artistas de ruas.
Não tenho saudades de andar de transportes públicos, mas tenho saudades daquele tempo e daquelas pessoas que não conhecia.
Agora que mudei de casa e começo a conhecer os vizinhos do bairro, de vista, faço o mesmo, observo os seus hábitos adivinho-lhes os trabalhos, os dramas. Faço-lhes historias, que aparecem na minha cabeça como filmes.