Pensei neste últimos dias que teria de pedir à gerência um aumento.
Comparando o IRS deste ano com o de à três anos estou a ganhar bem menos, foi a crise que passou e não passa.
Pensei toda semana passada nos argumentos, terça não estava, quarta também não, ontem saquei das armas e conversamos sem rodeios. Directo, já tinha as continhas todas feitas, de quanto precisava ganhar em bruto para receber o liquido que acho justo.
Fez-me aquela conversa do bandido cheio de elogios e considerações, nem que sim nem que não, ia pensar, enquanto ele fazia as suas considerações à cerca do meu trabalho babava-me todo por dentro, cheio de orgulho, a pensar no bom que sou(?), se calhar fiquei desarmado, se foi truque quase que resultava,
Argumentou que pedia muita coisa mais dinheiro e mais contratações, porque preciso, pelo menos, mais dois colegas nas minhas contas, nas da gerência apenas um. Pois é não se pode ter tudo. E há mais pessoas que mereciam aumento, dizia ele, pois é, verdade, concordo plenamente, dizia eu, mas eu falo por mim, e eles falarão por eles, cada um puxa a brasa à sua sardinha.
Muita conversa, saí dali quase na mesma, mas disse o que queria.
No fim disse que se não conseguisse o que propunha, que ia começar à procura a ver a minha sorte noutro lado.
Não era preciso ter-lhe dito, dizia-me, percebeu pela conversa. Ainda bem que nos entendemos. Não me apetecia sair dali, contudo não me apetece ficar com estas condições.
Era miúdo e a minha irmã recebeu uma maquina de escrever.
Aposto que se falar nisto ao meu sobrinho que tem hoje dez vai pensar que a mãe tem 80 anos ou não vai fazer ideia do que seja.
Sei que ela ganhou no natal. Eu devia ter ganho um Playmobile ou parecido.
A maquina transformava-se numa mala. Adorava pegar nela e imaginar que era uma pasta, que era um homem importante de negocios.
Quando a minha irmã me via com a maquina de escrever quase que tinha ataques epiletricos. E eu não percebia porque é que ela era tão egotista, eu até deixava ela mexer nos meus brinquedos.
Sempre que conseguia metia uma folha branca e vá de escrever t tá tá tá .... Srrrrrrrrrrrrr ......... plim adorava não sei se o plim se o srrrrrrrrrrrrrrrrrrr ou mesmo o bater nas teclas que se transforma em letras em papel.
Podiamos escrever ou a preto ou encarnado. Apagar é que era chato. Utilizava-se corrector, porém ficava uma cagada.
Não sei se imaginava que escrevia livros ou trabalhava num escritório ou se simplesmente era adulto porque mexia na maquina de escrever.
Aqui há tempos queria comprar uma maquina, não sei muito bem para que, mas queria.
Fartei me de brincar com ela, não sei se a minha irmã a guardou ou foi para o lixo, cá para mim morreu num aterro, sozinha, sem teclas, sem fita sem nada. e eu aqui com um teclado novo, que faz quase o mesmo barulho da maquina... faltando srrrrrrrrrrrrrrrrrrrr e o plim no fim... e ahhhhhhhhh não se mete folhas. Ohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
Abri o e-mail um mail da Edp, tinha a receber 52.32€.
Boa. Comecei logo a bater palmas imaginárias. Boa boa.
Espera aí. Será? Deixa ver... lembrei-me, porque é que não fazem uma nota de credito e descontam na factura? Ah pois é, eu não sou EDP, se não sou não me podem dever nada ou podem? Mesmo assim a parte avarenta do meu cérebro batia palmas 52.32€.
Deixa lá ver o remetente cliente@pt15151215.edp.pt, se não era assim era parecido. O layout do e-mail era igual ao da EDP.
Abri o link por curiosidade e era para preencher com os dados do Cartão de Credito.
Ah pois é. Não era reembolso, era burla. Lá apaguei o e-mail e não fiquei 52.32€ mais rico. Pena.