Tédio
Não tenho vontade de fazer nada. Sinto me meio lesma, arrastando-me. Quem me dera não ter obrigações hoje. Mas o dever chama-me.
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Não tenho vontade de fazer nada. Sinto me meio lesma, arrastando-me. Quem me dera não ter obrigações hoje. Mas o dever chama-me.
Eu não sei o que aconteceu em nós, ou o que aconteceu em ti, o que acabou, ou o que nasceu na tua vida.
Sinto que a minha vida está em suspense à tua espera, como a excitação duma espera que o pano do palco, do teatro se abre e me mostre uma historia, e que eu a viva ali, naquela instante.
Assim sou eu sentado a olhar para o monitor dos batimentos cardíacos, a ver se continua, se precisa de reanimação ou que morra.
Estou suspenso, à espera, não sei se de ti, se de mim ou do fim.
Este tempo e este silencio, matam-me um bocadinho, e mata o resto, que assim não cresce. E dá me tempo para pensar, que não sabes o que queres, que tens medo de dar passos largos e importantes, que se calhar não sou o tal, que se calhar não vamos ficar para sempre.
Eu tinha certezas, as vezes caímos e levantamos, e escorregamos e não caímos, os espalhamos-nos ao comprido.
Imperdoável, é pedires um tempo, silencio, sem pressões. Cresce em mim uma certa raiva.
Desejo que voltes, mas rezo por um ponto final
Estamos em mudanças. Tenho caixas por toda a casa, tenho pouca vontade de as carregar. ainda me falta 70%, ainda há muita coisa para arrumar, é impressionante como conseguimos acumular tantas coisas.
Já achei várias lembranças, boas, muito boas, já me ri, também já me emocionei.
A louça dos serviços deu trabalho a arrumar, tenho uma ligeira sensação que se vão partir no caminho.
Deitei quase todos os apontamentos que tinha do secundário e da faculdade. Nunca os vou espreitar, porque é que tenho ali a acumular pó? Sendo assim deitei-os fora.
Tenho vontade de não levar nada e comprar tudo novo... Não pode ser.
Agora em vez de estar a encaixotar, ou ir à procura de caixas que as que tinha já acabaram, estou aqui a fazer uma pausa, que adivinho longa. Depois continuo.
Todos na nossa vida já fomos gozados. Eu já fui, quando era pequeno chamavam-me maricas, mariquinhas, paneleiro, panasca, etc, etc.
Hoje não tenho tiques ou trejeitos, ou não tenho muitos, porque aprendi desde pequeno a ser como ELES por fora, mas nunca por dentro, hoje não sinto revolta, nem me lembro assim de nada que me tenha marcado muito pela negativa, pelo facto de ser gay.
Consegui esconder muitos anos este meu lado Gay, dos amigos, da família em geral. Houve sempre quem desconfiasse.
Hoje tenho o método não escondo mas não conto. Conto se perguntarem, se não perguntarem não conto.
Sou feliz assim, à minha maneira, nem melhor nem pior, por ser gay, mas bem resolvido comigo.
Escrevo assim porque todos os meus amigos aceitaram bem este facto da minha vida, e ninguém deixou de gostar de mim quando descobriu, apenas os meus pais ficaram desgostosos, mas é a vida e contornamos bem o tema e conseguimos conviver, com o meu lado gay e a desaprovação deles.
Para alguns foi um choque, para outros uma confirmação.
Sei que há pessoas que falam bem outras mal, prefiro que falem nas costas para que não as ouça, porque uma coisa que exijo é respeito.
Já basta de vez em quando levar com uma piadinha de gays e paneleiros, umas vezes contadas sem querer outras por querer.
Uma vez depois duma festa vinha de mãos dadas com o meu namorado, pela avenida da liberdade, lindos, maravilhosos e felizes, e vimos um senhor a olhar fixamente com cara de nojo e raivoso, continuamos ou de mãos dadas e abraçados. Eu esperava em ouvir qualquer coisa, mas o senhor conteve-se e eu fiquei bem comigo em não o ter largado e ter enfrentado aquele olhar recriminador .
Outra vez ignorei um senhor que pedia esmola (e que já conhecia de pedir muitas vezes) gritou Oh paneleiro do Cara***o vai ignorar não sei quem, ri-me e não me chateei.
Se um dia sentirem medo, ou deprimidos por serem gozados peçam ajuda a alguém que vós ame, ou um amigo fiel, ou então pensem ninguém é melhor do que eu.
Fui ao centro de saúde. A minha medica de família não estava, fui a um medico de recurso.
Entrei a Dra. Levantou os olhos para mim e disse: Diga. Eu descrevi um rol de queixumes do que tinha.
A Dra. nada disse. Não tirava os olhos do PC, e eu ali calado a olhar para ela, nem vou escrever o que estava a pensar.
Começaram a sair folhas da impressora, que foi pondo a minha frente, olhei as folhas, e ainda me queixei de mais duas ou três situações.
Olhou para mim e perguntou: Tem alguma coisa para as dores? Respondi que não e receitou-me uns. E eu a olhar para ela e ela para mim. Até que me levantei e fui embora. Lá saí com o exame para fazer e dois dias de baixa, sem saber se nada.
Quando saí pensei que até o veterinário do meu cão é mais atencioso comigo e cuidadoso com o cão, fiquei a saber que comparando comigo o cão tem tratamento VIP, quando o cão tem alguma coisa explica-me tudo.
Nunca mais sou atendido por aquela senhora, disso tenho eu a certeza.
Rodrigo Guedes de Carvalho escreveu a letra e compos a Musica.
Canção de sensibilização sobre violência doméstica, assinalando o 25º aniversário da APAV - Associação Portuguesa de Apoio à Vítima.
Cantam Aldina Duarte, Ana Bacalhau, Cuca Roseta, Gisela João, Manuela Azevedo, Marta Hugon, Rita Redshoes e Selma Uamusse.
Quem não conhece quem sofre ou sofreu de violência domestica?
Eu conheço várias histórias iguais a tantas outras. Vou resumir uma que assisti várias vezes.
Dona Ermelinda tinha sido operada à bacia, o companheiro dela era um bruto atrasado.
Ao final da tarde ele ia busca-la ao centro de dia, trazia-a numa cadeira de rodas. Quando chegavam à porta ele nunca a ajudava a levantar-se da cadeira, e com grande esforço D. Ermelinda lá se levantava e dirigia-se à porta. Quando chegava à porta ficaà espera que o marido lhe desse ordem para entrar. Já podes, ou entra. Chegava a estar ali 15 minutos ou mais à porta a fazer grande esforço para estar de pé. Ele nunca lhe dizia nada, gritava-lhe ordens.
Se ele estava mal disposto insultava-a mesmo ali na rua, chama-lhe nomes, rebaixava-a. Tenho a certeza que havia dias que lhe batia. Se a tratava assim na rua fará em casa.
E assisti a esta cena vários dias pela montra da minha loja, certos dias evitava o angulo de visão para não os ver e aumentava o volume da musica para não ouvir.
O que mais me impressionava é que D. Ermelinda era sempre simpática e educada com ele, e sorria-lhe, a mim dava-me raiva e ás vezes sentia o nó na garganta. Fui cobarde muitas vezes em não fazer nada, nem tomar uma atitude.
D. Ermelinda continua a sorrir e a ser um doce de pessoa.
Primeiro que tudo adoro rir, tenho um riso esquisito, às vezes rio me sem me rir.
Rio de mim próprio quando dou barraca ou cometo gafes. Rio dos outros quando fazem asneiras. Os meus sobrinhos fazem-me rir.
Quando vejo filmes ou peças de teatro rio muitas vezes onde os outros não acham graça. Não me rio de piadas fáceis. Rio quando penso em coisas parvas, quando acordo e me lembro dum sonho parvo.
Lembrando peripécias do passado, falando de conversas ditas da "merda", farto-me de rir e não consigo nem explicar porquê.
Uma vez a minha avó pediu me ajuda para a ajudar a virar o colchão. Eu bruto, meti me em cima do estrado, puxei o colchão para cima, do outro lado da cama a minha avó, em pé esperava aparar o colchão, mas eu, sem pensar larguei-o, a minha avó não consegui apara-lo e foi assim meio projectada para a parede, batendo c a cabeça. Eu quando vi aquele drama, fiquei imóvel, (isto em segundos) a minha avó com uma mão na cabeça tipo dói-me muito e eu comecei a rir, a rir, ás gargalhadas, não sei se de nervos, mas ri, e engasgava-me para conter o riso, e quanto mais queria parar mais ria, até que a minha avó já se ria, e todos os que assistiram à cena. Depois dei lhe um beijo. Sempre que me lembro rio.
Noutra vez estava com o meu amigo Alex na piscina mais o Fred. O Alex saltava da escada uma vez, duas, três aí à sexta vez, escorregou e bateu com a canela mm no rebordo da piscina, e caiu dentro de água. Ao assistir a cena, ri e ri e voltei a rir já sem forças e engolia água, mas sem conseguir parar de rir, o Alex aflito cheio de dores, zangado comigo por eu me estar a rir, e o Fred só a perguntar vamos brincar ao Baywatch, enquanto nós quase nos afogamos.
O meu patrão uma vez caiu das escadas tipo à estrela de rock, também me ri, só um bocadinho e depois fui ajuda-lo, estava bem, depois voltei a rir às gargalhadas.
Muita coisa nos fazem rir, cada um acha graça a coisas diferentes. Coisas que me fazem rir: Monty Phyton, Herman José, vídeos de Fails, a Claudía, o Alex, a Diana, o Ricardo, a Mixórdia de Temáticas, piadas secas, Uma Nêspera no Cu, gente estúpida, Porta dos Fundos, miúdos traquinas, birras de putos, comédias francesas, peças de teatro, tantas e tantas coisas umas com mais outras com menos piadas, muita coisa me faz rir. Ah e notas, de 20€ 50€ e por aí fora também me fazem rir.
Este texto faz parte do desafio em que participam também os blogs: http://amulherqueamalivros.blogs.sapo.pt/ e http://oinformador.blogs.sapo.pt/
Ao almoço uma colega deu me um bom-bom de chocolate. Bebi café, guardei o bom-bom no bolço e fui à minha vida, quando me lembrei depois de ter andado na rua, com 25º positivos, eis que meto a mão ao bolso e o bom-bom era todo um liquido pegajoso no meu bolso. A minha carteira e telemóvel adoraram o chocolate. E pronto foi o meu dia hilariante. Bem Haja, como diziam os velhos.
Estraguei todos os relógios que tinha. Deixei um, em Outubro, no Alentejo. Sempre que alguém ia lá a casa, pedia para trazer, nunca ninguém o tinha visto. Pensei que estava caído por lá. Não me preocupei com isso quando lá fosse logo o procurava.
Então não é que hoje ao procurar um papel na minha pasta, que uso muitas vezes, encontrei o tal relógio. Eu já abri aquela bolsa mil vezes desde Outubro e só hoje é que dei pelo relógio, é uma sorte estar inteiro. Há coisas estranhas.
As mulheres da minha vida:
Para começar a minha mãe é a mulher que mais amo. Foi ela que me deu os primeiros mimos, me educou, que ralhou, que me deu palmadas, beijos e beijos e riu para mim, cantou para mim, brincou comigo, tratou sempre de mim, e ainda trata, às vezes duma maneira chata, como se ainda fosse pequeno. O amor que tenho por ela é o mais verdadeiro e aquele que será de certeza para SEMPRE. Apesar de às vezes nos zangarmos e muitas vezes lhe dar desgostos sei que somos apenas um.
A seguir a minha avó Vitorina é sem duvida a mulher que mais admiro, uma avó como deviam ser todas, carinhosa, meiga, atenciosa, dedicada, lutadora, a patriarca da família, apesar de não a conseguir unir, mas vai tentando, contadora de histórias. Ensinou me a lição mais valiosa aceitar todas as coisas que a vida nos dá, sejam elas muito boas ou muito más, porque a vida é assim cheia de coisas boas e más e nada serve reclamar ou revoltarmos, há apenas lutar quando é preciso.
A minha irmã. É uma boa irmã melhor do que sou para ela, sempre disposta a ajudar e está sempre presente quando é preciso, uma boa mãe, uma excelente filha .
A avó Chica era uma mulher conservadora, decidida, um amor de pessoa, uma excelente ouvinte, uma óptima cozinheira, esta avó era diferente em mostrar o amor, desafiava várias vezes, derretia se com beijinhos e soltava gargalhadas altas com brincadeiras, não me lembro de uma iniciativa da minha avó em relação a carícias, mas eu contornava e dava lhe mimos sem vergonha e recebia em troca. Tenho imensa saudades dela e muitos dias recordo-a com carinho, adorava passar férias com ela, eram semanas só nossas.
A Carlota, minha sobrinha, ainda pequena mas já com um feitio vincado, enche me de alegria e amor vê-la crescer.
Quatro gerações de mulheres, todas com as suas lutas e as suas conquistas, as suas derrotas, que as fizeram e fazem ser pessoas diferentes de vivencias diferentes, mas todas mulheres.
A mais nova está a aprender e terá a sua luta pela frente como tiveram ou têm as mais velhas, que o futuro lhe seja risonho e que ser mulher seja sempre para todas um orgulho, um género, mas nunca um problema ou entrave.
Muitas mais há na minha vida mas estas 5 são as rainhas da minha vida.